O quarto jogo da série Assassin’s Creed, Assassin’s Creed: Revelations, finalmente foi lançado, colocando um ponto final na história de Ezio Alditore, personagem principal da série desde Assassin’s Creed II.
O jogo começa exatamente onde Assassin’s Creed: Brotherhood terminou.
Desmond Miles está num “coma” profundo, preso dentro da sua própria mente, graças aos acontecimentos do final do último jogo. Para se conseguir libertar, ele precisará reunir uma série de informações dos seus ancestrais, ou seja, Ezio Alditore e Altaïr, acedendo as memórias presas na sua própria mente, o seu próprio ADN, e depois separá-las de suas verdadeiras memórias.
Os assassinos colocaram a mente de Desmond dentro de um local seguro do Animus, que também permite acesso às suas memórias. Entretanto, neste jogo o “mundo real” é ainda mais surreal do que as memórias de Desmond. Não existe mundo lá fora, o jogador está preso dentro da sua mente, ligada a um sistema e por este motivo o ambiente é futurista e fora do comum.
O jogo segue um padrão interessante, o ciclo dos sonhos. Desmond está em coma preso dentro de sua própria mente, de lá ele vai aceder às memórias de Ezio que por sua vez irá aceder às memórias de Altaïr. Este último ciclo acontece porque Ezio viajará para Constantinopla onde buscará cinco chaves deixadas por Altaïr, que abrirão a biblioteca onde seus segredos estão guardados.
A trama pode parecer um pouco confusa, mas a história é muito bem desenvolvida e os jogadores que já jogaram os jogos anteriores da série irão compreender o que está a acontecer. Entretanto, Assassin’s Creed: Revelations relembrará, em diversos momentos, acontecimentos do primeiro jogo da série, Assassin’s Creed, onde Altaïr era o personagem principal. Este jogo não fez tanto sucesso na época e muitos jogadores saltaram diretamente para Assassin’s Creed II.
A minha recomendação é que o jogador jogue o primeiro Assassin’s Creed (incluso gratuitamente no Blu-Ray de Assassin’s Creed: Revelations) antes de jogar o último capítulo de Ezio, a história fará muito mais sentido. Seguindo o meu conselho, quando o jogador assumir o papel de Altaïr, compreenderá porque ele está a tomar determinadas atitudes e como estas atitudes estão ligadas a Ezio e a Desmond, simplesmente fantástico.
O jogo possui duas mudanças drásticas, a primeira é que Assassin’s Creed: Revelations é um jogo de assassinos seniors. Diferente de todos os outros jogos, tanto Ezio quanto Altaïr estão mais velhos e com aparência totalmente diferente. Enquanto o primeiro fica assim durante toda a história, o segundo envelhecerá cada vez mais e aos poucos perderá suas habilidades de corrida, escalada, ataques, etc. A segunda é a mudança de cidade para Constantinopla, que veio em ótima hora para a série. Depois de dois jogos na Itália, temos um ambiente completamente diferente, com arquitetura diferente, costumes diferentes, roupas diferentes e idioma diferente. Ou seja, finalmente parece que estamos a jogar um novo jogo.
E com uma nova cidade, teremos novos personagens como Yusuf Tazim, o líder dos assassinos locais, que estará presente em boa parte de sua jornada em busca das chaves de Altaïr; e Sofia Sartor, uma jovem italiana colecionadora de livros, que o ajudará a solucionar diversos enigmas do jogo. Enquanto Sofia ajuda Ezio a achar a localização das chaves, Ezio está interessado mesmo é nas suas curvas.
No meio dessa caçada, Ezio ainda irá estar no meio da guerra familiar entre o Príncipe Ahmet e de seu irmão Selim pelo sultanato. Ezio apoiará um deles e realizará diversas missões que influenciarão toda a história do jogo, envolvendo Yusuf e Sofia.
Conforme o desenvolver da história, o jogador terá oportunidades de aceder às memórias de Altaïr e nelas o jogador controlará o personagem principal do primeiro jogo da série. Como dito anteriormente, a cada nova memória de Altaïr, uma revelação é feita, que fará todo o sentido para a história e para Ezio. No final, o jogador vai sentir-se extremamente satisfeito com o desfecho da história de Ezio, as respostas apresentadas no jogo e como Altaïr foi introduzido na história, tornando-o o melhor jogo da série. O jogo ainda conta com uma série de “extras” que farão o jogador continuar a jogar mesmo depois de terminar a história, como caçar 100 fragmentos do Animus, restaurar todos os estabelecimentos da cidade e enviar seus assassinos aliados para missões ao redor da Europa.
Enquanto a história e o cenário evoluíram, muita coisa continuou igual. A jogabilidade, por exemplo, continua extremamente parecida com os jogos anteriores. A Ubisoft fez questão de aprimorar os movimentos dos personagens – principalmente quando Altaïr está mais velho –, adicionar novos itens ao jogo como o gancho, introduzir um novo “mini-jogo” para defesa dos esconderijos assassinos e até colocou uma inovadora visão em primeira pessoa nas missões de Desmond. Mas estas mudanças apenas adicionam pequenos detalhes à jogabilidade, não a tornando diferente. Mas vale lembrar que em nenhum momento isto é um ponto negativo, a série é bastante sólida e depois de três jogos de sucesso, a produtora não teria motivos para mudar a forma de se jogar.
O sotaque de Ezio ainda continua, mas todo o resto mudou. Os personagens locais agora possuem um outro sotaque quando falam Inglês e a grande maioria fala turco, as placas de estabelecimentos agora estão em turco – ou seja, o jogador não entenderá nada do que está escrito – e a “tecnologia” turca também está presente no jogo. A primeira delas é o gancho, que Yusuf dá de presente a Ezio, outra delas são as bombas, que possuem um sistema muito interessante de criação, utilizando materiais apanhados pelo jogo.
Outro ponto interessante, é que Assassin’s Creed: Revelations possui legendas no nosso idioma. A Ubisoft não cometeu o erro de dublar os personagens que estamos acostumados a 5 anos, mas mesmo assim mostrou que está de olho no mercado nacional. Quem tem dificuldade com inglês poderá disfrutar muito melhor da história do jogo.
E para completar, Assassin’s Creed: Revelations ainda possui um modo multiplayer que dará mais longevidade ao jogo. A Ubisoft conseguiu evoluir bastante o modo multiplayer adicionando diversas novas formas de jogo – que inclui até um modo de história onde o jogador aprenderá mais sobre Templários modernos, melhorando os menus e a forma de aceder uma sala e permitindo maiores customizações dos personagens. Apesar de Assassin’s Creed ser uma série muito focada na sua história, já podemos considerar que o jogo possui um óptimo modo multiplayer que prenderá muitos jogadores.
Assassin’s Creed: Revelations é o melhor jogo da série Assassin’s Creed. Além de trazer todas as melhorias dos jogos passados, ele ainda adiciona diversas novidades, possui uma história mais interessante, uma nova localização, uma integração com as histórias passadas, respostas para a maioria das nossas perguntas, um multiplayer mais consolidado e um final excelente.
Mas Assassin’s Creed: Revelations não é fantástico por culpa da própria produtora. O estilo da série está saturado graças a grande quantidade de jogos lançados nos últimos anos e por mais fanático que o jogador seja, como eu sou, terá a sensação de déjà vu em dezenas de momentos durante o jogo.
A minha expectativa é que com o fim do ciclo de vida de Ezio Alditore a Ubisoft possa criar um novo jogo não apenas mais uma continuação com um novo personagem.