Visage é um jogo de primeira pessoa, sobrevivência e horror psicológico, desenvolvido pela SadSquare Studio e lançado no dia 30 de Outubro de 2020.
Jogamos como Dwayne que vive numa casa onde outrora habitaram 3 pessoas com doenças mentais.
O jogo é dividido em 4 capítulos, os 3 primeiros são dedicados às 3 pessoas que haviam habitado a casa e o último uma conclusão, um “juntar de peças” de tudo o que aconteceu.
Visage é um jogo difícil, que requer muita paciência e eu diria que “skills de detetive”… A casa onde estamos é uma espécie de puzzle gigante e o jogo raramente nos dá indicações do que temos de fazer ou onde temos de ir. Por exemplo, certos objetos iniciam um capítulo, nesse capítulo temos de encontrar mais 15, 20 objetos e todos eles podem ser encontrados por ordem aleatória e temos de descobrir o que fazer com esses objetos.
No jogo temos de nos lembrar por onde andámos ou onde estão certos objetos, pois não existe um mapa e por vezes a casa mais parece um labirinto. Temos de ter em atenção os nossos recursos e a sanidade do personagem, não podemos estar muito tempo em locais escuros ou atividades paranormais começam a acontecer.
De vez enquanto o jogo dá-nos pequenas pistas do que temos de fazer ou onde temos de ir, mas temos de prestar muita atenção e saber interpretar as mesmas.
Gráficos e Som…
A nível gráfico, podemos assumir que o jogo não nos apresenta nada de novo ou estra ordinário, o gráfico é simples e funcional, detalhado onde tem de ser.
A nível de áudio, o jogo está muito bem conseguido e sabe aproveitar as oportunidades. Os sons no jogo estão bem implementados, quer seja numa parte assustadora ou agonizante, ou em algum momento de alivio. Durante a maior parte do jogo não existe música, somos apenas acompanhados pelos sons na casa. Porém nas partes onde há música, a mesma é implementada de excelente forma!
Jogabilidade…
O jogo permite-nos andar, correr, agachar, andar agachado, interagir com o cenário, examinar e segurar objetos. Podemos guardar alguns itens num inventário, e segurar até 2 itens ao mesmo tempo. Certos objetos têm um tempo de vida útil, como velas e isqueiros. (Velas depois de acesas vão derretendo e os isqueiros ficam sem gás).
De início as mecânicas do jogo podem parecer um pouco complicadas e confusas, vamos acabar por realizar ações erradas por conta dos “miss click”, mas eventualmente acabamos por lhe apanhar o jeito. (O jogo podia melhorar neste aspecto, pois abrir portas pode ser uma tarefa tão ou mais complicada do que resolver alguns dos puzzles).
Ter sempre em atenção que este jogo foi jogado para review perto da data de lançamento, possíveis updates podem ter corrigido algumas das mecânicas.
O terror neste jogo é implementado de boa forma, é perturbador, o “jumpscare” é bem implementado e não é exagerado, é por vezes muito tenso, confuso e frustrante, mas existem também aqueles momentos de alívio que dão a sensação de conquista por parte de quem joga.
O que mais me agradou no jogo, foi a forma como o jogo mostra o seu objetivo. O objetivo deste jogo não é apenas assustar-nos, mas sim atormentar-nos, aproveitando circunstâncias e objetos banais do mundo real, e moldando as mesmas para um mundo abstracto. Onde um gira-discos, ou uma caixa de comprimidos, tomam um novo significado.
O jogo faz várias críticas e comentários sobre estes itens e/ou assuntos e sobre a sua natureza destrutiva. Às vezes é usado o mesmo “assunto” várias vezes e até mesmo abusando do mesmo. Mas num jogo onde é usado “horror” para explicar doenças mentais como a aterrorizante instabilidade de emoções como esquizofrenia ou insanidade, então por vezes o uso “abusivo” do mesmo assunto, é feito de forma correta porque passa ao jogador a sensação de desespero e frustração de ter de passar por algo várias vezes.
Conclusão…
SadSquare fez um ótimo trabalho no desenvolvimento do jogo, pode ser jogado de forma “apressada”, apenas para concluir o jogo, desvendar os puzzles e sobreviver ao horror, ou deixar-te levar pela imersão do horror de modo a entender um pouco mais do que está a acontecer e das várias formas que o mesmo pode ser interpretado.